domingo, 24 de abril de 2011

E assim disse João...


E assim disse João
Eu sei que você vai querer me crucificar. 
Acho que neste contexto, crucificar não é palavra adequada.
Eu não queria começar assim... 
Mas vou logo dizendo que eu não acredito em Deus.
Eu até tentei, mas não deu certo, já repeti para mim mesmo milhões de vezes: Deus existe! Deus existe, Deus existe... Não funcionou. Recorri aos santos, São Sebastião foi meu favorito, apesar de não acreditar na santidade eu gosto dele, acho que ele foi um cara bacana. Mas não me ajudou muito na minha busca por Deus e só escrevo Deus com letra maiúscula por hábito, é automático como respirar, já tentei mudar, me policiei durante algum tempo mas quando eu relaxava lá estava Deus escrito com letra maiúscula, então me conformei e deixei assim e pronto! Deus não existe mas escrevo com letra maiúscula para não brigar comigo mesmo, até porque a briga seria feia e eu perco até brigando comigo mesmo. Outro dia uma pessoa disse que eu tenho uma boa alma, eu preferia que tivesse dito que eu era bonito, vazio... Mas bonito, mas não seria verdade, eu não sou bonito, vazio até pode ser. Mesmo não acreditando em alma, porque eu teria que acreditar em Deus, aceitei, fico com a boa alma, pelo menos eu tenho alguma coisa, porque, sem alma, desprovido de beleza e vazio... Ai sim eu teria que me apegar a Deus. Eu diria que foi o destino se eu acreditasse em destino, se eu acreditasse pensaria que estava escrito nas estrelas, e digo pensar, porque os pensamentos que acho estranho aos outros, guardo para mim, (Nem sempre! Escrever escrito nas estrelas... É tão sessão da tarde.) por isso prefiro acreditar no estado de causa e efeito, as coisas acontecem por algum motivo, que na maioria das vezes não é óbvio. Mas algumas coisas acontecem de uma maneira tão bem traçada que dá uma vontade de acreditar em destino, alma Deus... Mas não, é melhor não, prefiro o vazio por não acreditar em Deus e melhor do que a dor na existência dele.

2 comentários:

Raul disse...

Falar de Deus é realmente complicado, pois ninguém tem certeza que ele existe, nem que não existe. O melhor é deixar a critério de qualquer um. E ainda assim muitas pessoas acabam parecendo incoerentes em alguns momentos. Por que precisamos nos abdicar de acreditar numa outra forma de vida fora o corpo material, em força maior, várias vidas... não podemos acreditar num misto destas coisas? Se não somos obrigados em aceitar, também não somos em negar. E com uma liberdade assumida muita gente poderia estar mais certa ou segura de si, afinal de contas de contas nós temos que ter repostas como: de onde vim, quem sou eu, o que pretendo...até no Facebook.

Mente Hiperativa disse...

Quando eu penso em Deus não consigo vizualizá-lo como um velhinho bonzinho com barba grande e bata azul-celeste. É tão 'Católico', tão 'Cristão' pensar dessa forma. E eu não acredito na igreja católica, não acredito em religiões repressoras, dogmáticas, zilhonárias e manipuladoras.

Acredito em Deus, o Deus do amor, o Deus da natureza que os índios temiam que mandasse raios ou tempestades. Creio no Deus que vive dentro de nós. Nós somos Deus.

Pra mim Deus não é uma entidade que vive no céu, isolada, intocável, que pisa nas nuves observando o mundo lá de cima. Acho que ele nasce na nossa cabeça, precisamos disso. Nós, enquanto civilização, criamos Deus pra regular nossos atos, nossa consciência, pra nos fazer companhia, pra nos fazer julgarmos a nós mesmos, pra nos presentear com suas dádivas, e nos salvar nos momentos difíceis.

Deus é uma criação coletiva e ao mesmo tempo individual, não foi apenas UM alguém que o inventou, todas as civilizações humanas têm seu(s) Deus(es) e cada um de nós o concebe e o alimenta da maneira que assim acredita.

Sendo assim o papel de Deus na nossa vida qual seria ?

Ele está presente em todos os momentos de nossa vida, ele vê tudo, sabe tudo, ele é justo em seus julgamentos, ele penitencia e premia seus filhos. Ora, então Deus é nossa consciência e habita não os céus, mas nossa mente.

Deus, como eu já havia dito, somos nós mesmos.